segunda-feira, 23 de outubro de 2017

STF o poder que deveria defender a Constituição mas a altera.

23/10/2017

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As funções, constituição e obrigações do Supremo Tribunal Federal (STF) estão determinados nos Art. 102 e Art. 13 da Constituição Federal (CF). Em nenhum lugar se autoriza ao STF a mudança e/ou de artigos da CF ou de mudança e/ou criação de leis.
Mas o que temos visto nestes tempos sombrios pelo qual passa o Brasil é o STF assumindo um protagonismo, não respaldado na CF, e alterando a CF e as leis. A base "teórica" é o chamado "novo constitucionalismo" apregoado pelo Min. Luís Roberto Barroso e vários de seus pares. A maior implicação deste absurdo é a total falta de segurança jurídica que estamos, pois o que esta na CF e nas leis e que são claras podem ser mudados ao bel prazer dos ministro. Quero deixar bem claro que não sou advogado ou jurista mas falo como cidadão, os advogados podem e devem me corrigir. Vejamos alguns exemplos:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento.

Com relação ao artigo acima e seu parágrafo existe alguma dúvida do que a CF esta falando? No meu entender não, mas o STF em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e redigida pelo então advogado, que se considerou impedido, Luís Roberto Barroso considerou constitucional o casamento de homofetivos alterando a CF sem ter esta atribuição usurpando-a do Congresso Nacional. A forma correta seria propor no Congresso um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) propondo a alteração do § 3º .

Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Acima vai o artigo do Código Penal que é bem claro em dizer quias são os casos em que não se pune o aborto. qual qual atribuição constitucional o STF altera o CP? Nenhuma. Mais uma vez enfatizo que não encontrei em lugar nenhum na CF algo que permitisse o STF fazer esta alteração.

Estes são apenas dois exemplos, outros poderiam ser mostrado mas este artigo ficaria muito longo. Quero dizer que este ativismo escancarado do STF e de membros do Ministério Público esta gerando uma grande insegurança jurídica para todos. Muitos aplaudiram esta usurpações de poder mas estes não pensaram que CF e todas as leis não nos dão segurança nenhuma pois elas podem ser alteradas pelo STF.


JEPAlayon






terça-feira, 12 de setembro de 2017

Opinião do Zé - Sobre contrabando.

Itu, 12 de setembro de 2017.

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Hoje escutei a notícia de que a Prefeitura de São Paulo cassou o alvará de funcionamento do Shopping 25 de Março devido a muitos problemas com contrabando, falsificação e pirataria de produtos. Pela notícia é um trabalho conjunto entre a prefeitura e a Receita Federal.
Não posso e não sou contra este tipo de ação, pois o contrabando, a pirataria e a falsificação prejudicam a todos devido ao não recolhimento dos impostos à competição vantajosa contra os comerciantes legais, a falta de garantia e qualidade dos produtos além de outros problemas ligados à criminalidade.
Mas por que existe o contrabando? Qual sua verdadeira raiz?
A resposta é bastante simples o contrabando, a pirataria e falsificação existem e estão crescendo no Brasil devido a alta carga tributária existente. O maior exemplo é o cigarro que tem a maior carga tributária do país e é o produto mais contrabandeado.
O que fazer, então, para combater estes crimes? Na minha opinião a solução é simples, temos que reduzir a carga tributária, junto com o aumento do combate a estes crimes, a um ponto que não compensem os risco para a prática do crime. 
Como reduzir impostos na atual situação fiscal do país podemos nos questionar  mas devemos calcular o quanto esta se deixando de arrecadar atualmente. Este calculo seria uma estimativa mas como numero nas mãos podemos calcular e aplicar um novo patamar de tributação sobre os produtos mais contrabandeados, falsificados e pirateados. 

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Charlottesville - Onde os dois lados estão errados

 Sobre os fatos ocorridos em Charlottesville a melhor explicação veio de um humorista. Vale a pena ver, refletir e compartilhar.
JEPAlayon 


terça-feira, 20 de junho de 2017

Opinião do Zé - Caixa 2 - Corrupção

Vou expressar minha opinião sobre a confusão que estão fazendo entre caixa 2 e corrupção. 

Caixa 2 em campanha eleitoral não era crime penal, mas apenas crime eleitoral,portanto crime e principal uma grande fraude contra o eleitor. A causa principal da existência do caixa 2 é o excesso de regulamentação que existe sobre o financiamento de campanha, onde o tribunais eleitorais estipulam tetos de gastos e a absurda proibição de financiamento por pessoas jurídicas. Em resumo é crime e tem que ser punido.

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Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumí-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem

Conforme tipifica o Código Penal o crime de corrupção só é caracterizado quando da existência de contrapartida,portanto, este não pode se confundir com o caixa 2. Tanto que o dinheiro da corrupção pode entrar numa campanha pelo caixa 2 ou pelo "caixa 1" o importante é a existência de contrapartida.

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Infelizmente estes tempos sombrios pelo qual passa o nosso país as pessoas e, infelizmente, procurados e muitas pessoas ditas esclarecidas estão misturando tudo. Todos os dois são práticas criminosa e moral e eticamente reprovadas. Devemos tipifica-las corretamente e puni-las também.

JEPAlayon

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Se Moro seguir a lei, absolve Lula no tríplex; se STF fizer o mesmo, recusa denúncia contra Aécio

Tenho por convicção, e o andamento dado pelo MPF e pela PGR nas investigações de corrupção, de que juiz só deve falar nos autos e também os procuradores e promotores. A cada operação da PF é uma entrevista coletiva com Power Point quando no máximo deveriam emitir uma nota explicativa e sem juízos de valores. Por que falo isto? O artigo abaixo explica e mostra os absurdos das petições apresentadas nos casos do Triplex, onde os próprios procuradores dizem não ter encontrado provas, e no caso do Aécio onde criminalizam duas atitudes normais para um parlamentar. Infelizmente, por imperícia e sei quais outros motivos, muitos destes personagens saíram inocentados devido ao glamour dos holofotes. Meus conversa e mais ações senhores juízes, promotores e procurados. JEPAlayon

Por Reinaldo Azevedo.
Em 05/06/2017 no site RedeTV.

Não tem jeito!
Eles perderam o eixo!
“Eles, quem, Reinaldo Azevedo?”
Os senhores procuradores da República ligados à Lava Jato e a seus desdobramentos.
Não! No que diz respeito aos acusados, não há lado a sair ganhando. Afinal, quando o eixo se vai, a coisa bambeia para todos os lados: à direita, à esquerda, ao centro, acima, abaixo… Em todos os sentidos, os absurdos vão se acumulando.
Os paranoicos e oportunistas vivem anunciando conspirações contra a operação. Nada a dizer sobre os primeiros. Paranoia é doença psíquica, requer tratamento e administração de droga adequada. Já o oportunismo pode ser curado com um remédio que não se vende e não se compra: vergonha na cara.
Hoje, o único inimigo da Lava Jato, ou inimiga, é a Lava Jato, com seu messianismo, sua irresponsabilidade, seu desprezo a princípios elementares da legislação em vigor. Que seja um dia matéria de interesse científico! Assim, como país, talvez possamos purgar a nossa vergonha, mas com algum alcance teórico.
Sim, na contabilidade geral, é claro que esse destrambelhamento de Rodrigo Janot e seus “menudos” vingadores acaba sendo bom para os vermelhos. São Paulo abrigou ontem, por exemplo, uma manifestação das esquerdas com duas palavras de ordem: “Fora, Temer” e  “Diretas Já”.
O primeiro pedido depende de fatores e circunstâncias distintos, mas que podem se combinar, de fato, para depor o presidente. Tomara que não! O segundo, as diretas, é só uma reivindicação impossível porque o Artigo 60 da Constituição proíbe a mudança da periodicidade eleitoral ainda que por emenda. Fim de papo. Mas não vou me perder nisso agora. Volto à Lava Jato.
Lula e Aécio
Duas peças apresentadas pelo Ministério Público Federal no fim da semana passada — uma contra Lula e outra contra Aécio Neves —ؙ merecem integrar uma nova versão de “A História Universal da Infâmia”, com todo o respeito ao magistral Jorge Luis Borges. O argentino recorreu à sua inventividade para distorcer livremente fatos reais ou criações alheias. O MPF, nos dois casos, reinventa as leis e ameaça a o Estado de Direito.
Na petição final a Sérgio Moro sobre o tríplex de Guarujá, os procuradores admitem não ter a prova. Pedem que Lula seja condenado para dar um exemplo à sociedade e apresentam como evidência de que o apartamento lhe pertence a sua voz de comando na nomeação de diretores da Petrobras. Escrevi ontem a respeito (aqui). Ocorre que isso é matéria de outro inquérito. Ousados, pedem algo especular: que o petista pague uma multa de R$ 87,6 milhões, embora eles próprios digam que o ex-presidente auferiu benefícios indevidos, nesse caso, de R$ 3,7 milhões. Faz sentido? É claro que não!
Esse valor, pasmem!, corresponde ao total das propinas que a OAS diz ter pagado. É um desatino.
A denúncia que Janot apresentou contra Aécio na sexta-feira não fica atrás. É uma aberração. O senador é acusado de corrupção passiva no caso dos R$ 2 milhões que lhe foram repassados por Joesley Batista, mas o doutor se esqueceu de apontar qual foi a contrapartida oferecida pelo agente público (Aécio). Andrea Neves, irmã do mineiro, um primo e um assessor, que servidores públicos não são, foram acusados do mesmo crime, mas na modalidade “concurso de pessoas”: assim, teriam colaborado para o cometimento do crime não-evidenciado.
E Janot não perdeu nada em criatividade para os seus menudos de Curitiba. Acusa, ainda, Aécio de obstrução da investigação porque este negociou a aprovação do projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade e porque debateu com seus pares que resposta daria o Congresso para os casos passados de caixa dois. Vale dizer: estava apenas cumprindo sua função de senador.
Concluo
Em que isso vai dar? Não sei! A consciência jurídica do país a cada dia se espanta mais. Juristas antes entusiastas da operação começam a desertar. Essas petições que vêm a público começam a deixar claro o que Janot quis dizer, naquele artigo desastroso escrito para o UOL, ao defender “métodos não convencionais de investigação”.
Se Moro seguir a lei, absolverá Lula no caso do tríplex. Se Marco Aurélio seguir a lei, recusará a denúncia contra Aécio. E seus pares farão o mesmo.
Se todos decidirem mandar o arcabouço legal às favas, aí só nos resta tocar um tango argentino, lá da terra de Borges, como escreveu Manuel Bandeira.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Considerações sobre a Reforma da Previdência

 A Previdência Social teve inicio com o Decreto nº 4682 de 24 de janeiro de 1923 e inicialmente apenas para os ferroviários e depois para outras categorias até que se tornou universal. O sistema no Brasil sempre foi o de repartição, quando os que trabalham pagam pelos que não, com a participação das empresas e/ou empregadores e mais o governo. Este sistema só foi viável enquanto tínhamos muitos trabalhadores para sustentar cada aposentadoria e a expectativa de vida era muito menor do que hoje. Vou listar alguns tópicos que acho importante:

- Quando o sistema foi superavitário nossos governantes gastaram o dinheiro em vez de aplica-lo como se fosse um fundo. se tivessem feito isto ainda sim teríamos que reformá-lo mas provavelmente a situação não estaria como está agora.

- Em algum momento os funcionários públicos e militares passaram a ter aposentadoria integral sem arcarem com nenhum tipo de contribuição que só passou a ser cobrada no final do século XX. Além de uma grande injustiça eles foram sustentados pelos que contribuíam, o que prejudicou o sistema como um todo e diminuiu as aposentadoria dos que contribuíam.

- O primeiro ponto que quero colocar é a aposentadoria é uma obrigação do Estado ou de cada individuo e família? Eu acho que não é função do Estado mas do individuo e seus familiares e de possível acordo com o empregador. Fica para discussão

- Professores e policiais se aposentam com uma idade menor o que é mais uma aberração do sistema e prejudica a todos. Independente das alegações serem justas ou não a aposentadoria com idade menor só se justificaria se a contribuição destas categorias for maior e não igual a de todos as outras.

- A reforma enviada ao Congresso já era um paliativo em sua versão original o que ocasionaria uma nova reforma em, talvez uma década. Com as concessões que o governo tem feito para tentar aprová-la necessitaremos de uma nova reforma em poucos anos.

- Na minha opinião o sistema ideal é o de capitalização feita em contas nominais de cada contribuinte e administrado por instituições financeiras e administradoras de fundos privados a escolha de cada um. Mas a implantação deste sistema tem um obstáculo enorme que é como fazer a transição pois seria necessário levantar o quanto cada um já contribuiu, mais todas as aposentadorias e pensões que são pagas para termos uma ideia do tamanho da divida que seria criada, para ais podermos pensar em como pagá-la.

- Com relação as aposentadorias integrais deixo como sugestão a criação de uma contribuição de 30% sobre o que passar do teto pago pelo INSS atualmente em torno de R$ 4.300,00. Assim uma pequena parte da injustiça seria paga e haveria uma contribuição para a diminuição do déficit. Claro que o fim imediato das aposentadorias integrais para quem ainda não se aposentou, podendo-se fazer um esquema de transição. sou favorável simplesmente a  não mais conceder aposentadoria integral para ninguém e sem regra de transição, pois isto não é direito adquirido mas apenas expectativa de direito.

 O assunto é polêmico mas de extrema importância para o futuro. Infelizmente no Brasil cada um quer garantir a sua vantagem em detrimento do conjunto da sociedade e o que vai acontecer é que o problema não será resolvido e uma nova reforma deverá ser feita em breve.

JEPAlayon.


sábado, 22 de abril de 2017

Como ocorreu o milagre econômico de Hong Kong - da pobreza à prosperidade

Em 14/02/2014 no site Mises Brasil.


Leia a primeira parte aqui.
Com milhões de refugiados chineses, sofrendo com um embargo comercial e com sua infraestrutura estrangulada, a Hong Kong do início da década de 1950 parecia confirmar os prognósticos pessimistas feitos no século XIX.
No entanto, esta enxurrada de refugiados era composta por milhões de indivíduos que, embora completamente pobres, fugiram para Hong Kong em busca de liberdade.  E embora Hong Kong não possuísse a infraestrutura adequada para recebê-los, ela fornecia ampla liberdade para qualquer indivíduo que quisesse colocar seus talentos empreendedoriais em ação. 
Não havia na ilha as mesmas restrições cambiais vigentes no Reino Unido e em grande parte da Europa — o que significava que o dólar de Hong Kong, que era ancorado à libra esterlina, era livremente conversível em outras moedas —, e a quantidade de regulamentações sobre a economia era desprezível.
A combinação entre mão-de-obra à procura de trabalho e empreendedores com conhecimento e algum capital oriundos de Xangai — até então a grande cidade capitalista chinesa — forneceu a matéria-prima para o crescimento industrial iniciado na década de 1950.  A economia começou a prosperar.
Os empreendedores de Hong Kong criaram rapidamente um número impressionante de pequenas e médias empresas durante este período, especialmente no setor têxtil.  Estes empreendimentos, os quais acabaram se diversificando e se ramificando para setores como vestuário, plásticos e eletrônicos, produziam principalmente para atender a crescente demanda da Europa e dos EUA por bens manufaturados e baratos.  
Essa rápida industrialização da década de 1950 foi possível porque ocorreu em condições nas quais 1) os direitos de propriedade eram respeitados, 2) o poder judiciário era independente e os tribunais, imparciais, e 3) a interferência econômica das autoridades coloniais era mínima.
Como o último governador britânico de Hong Kong, Christopher Patten, escreveu em seu livro de memórias, East and West, os refugiados do comunismo que correram para Hong Kong chegaram à única cidade livre da China; era de fato "a única sociedade chinesa que, por um breve período de 100 anos, viveu um ideal jamais vivenciado em nenhum outro momento da história da sociedade chinesa — um ideal em que nenhum homem tinha de viver com medo de uma batida à porta da sua casa à meia-noite".
Hong Kong tinha um governo limitado e competente, que se restringia a manter a lei e a ordem, e a permitir o funcionamento da economia de mercado.  Era um governo que honrava completamente a filosofia confuciana: "Deixe as pessoas locais serem felizes e atraia migrantes longínquos."
Mais impressionante ainda foi o fato de que, enquanto o Reino Unido estava criando um estado altamente intervencionista e assistencialista em casa, sua colônia desfrutava uma política econômica fundamentalmente de livre mercado.
No entanto, houve um responsável pela prolongada existência desta política de livre mercado.  Houve uma pessoa que seguidamente contrariou ordens do governo britânico e, com isso, permitiu a prosperidade de Hong Kong.
Sir John Cowperthwaite, o homem que permitiu a prosperidade de Hong Kong
O nome de Sir John James Cowperthwaite (1915—2006) deveria ocupar para sempre o topo do panteão dos grandes libertários.  Enquanto vários de nós apenas escrevemos sobre ideias libertárias, este cidadão de fato as transformou em política pública para milhões de cidadãos.
Cowperthwaite foi nomeado secretário das finanças de Hong Kong para o período de 1961 a 1971.  Escocês e discípulo fiel de Adam Smith, ele era assumidamente um economista na tradição da Escola de Manchester, ardorosa defensora do livre comércio. 
Na época, com a Grã-Bretanha indo a passos firmes rumo ao socialismo e ao assistencialismo, Cowperthwaite permaneceu inflexível: Hong Kong deveria se manter fiel aos princípios do laissez-faire.  Tendo praticamente controle completo sobre as finanças do governo de Hong Kong, ele se recusou a impor qualquer tipo de tarifa de importação e sempre insistiu em manter os impostos no nível mais baixo possível.
Ele era um liberal-clássico, bem ao estilo dos liberais do século XIX.  Era fiel adepto da ideia de que os países deveriam se abrir unilateralmente para o comércio, sem esperar contrapartidas.  Ele já estava em Hong Kong desde 1941, fazendo parte do Serviço Administrativo Colonial.  Com a invasão japonesa, ele foi enviado para Serra Leoa.  Ao voltar para Hong Kong, em 1946, os britânicos lhe pediram para elaborar planos e programas para que o governo pudesse estimular o crescimento econômico.  Cowperthwaite apenas respondeu dizendo que a economia já estava se recuperando sem nenhuma ordem do governo. 
Mais tarde, ao ser efetivamente nomeado secretário das finanças, em 1961, ele se tornou um defensor inflexível daquilo que passou a rotular de "não-intervencionismo positivo" e passou a pessoalmente controlar a política econômica da colônia.
Cowperthwaite transformou Hong Kong na economia mais livre do mundo.  Durante o seu mandato, o livre comércio foi instituído plenamente, pois Cowperthwaite se recusava a obrigar os cidadãos a comprar bens caros produzidos localmente se eles podiam simplesmente importar produtos mais baratos de outros países.  O imposto de renda sempre teve uma alíquota única, de 15%.  A total escassez de recursos naturais em Hong Kong — havia apenas a enseada onde está o porto — e o fato de que a ilha tinha de importar até mesmo toda a sua comida tornam o sucesso de Hong Kong ainda mais fascinante. 
"Para toda a nossa economia, é preferível confiarmos na 'mão invisível' do século XIX a aceitarmos que as canhestras mãos de burocratas manipulem os delicados mecanismos do mercado", declarou Cowperthwaite em 1962.  "Em específico, não podemos deixar que burocratas danifiquem os principais mecanismos da economia, que são a livre iniciativa e a livre concorrência". 
Ele não aceitava protecionismo nem para as chamadas "indústrias infantes": "Uma indústria infante, quando protegida e mimada, tende a permanecer infante, e jamais irá crescer e se tornar eficiente".  Também acreditava firmemente que, "no longo prazo, o agregado das decisões individuais dos empreendedores, exercitando seu juízo individual em uma economia livre, mesmo cometendo erros, tende a ser bem menos danoso do que as decisões centralizadas de um governo; e certamente o eventual dano tende a ser contrabalançado mais rapidamente."
Desde os dias de John Maynard Keynes, a ciência econômica vem sendo atormentada pela ideia de que a ação humana deve ser destilada em números, os quais se transformam em uma "pretensão ao conhecimento" para aspirantes a planejadores centrais.  Nas várias faculdades de economia atuais é difícil saber quando acaba a matemática e quando começa o real conhecimento econômico.  Para Cowperthwaite, no entanto, a compilação de estatísticas para planejamento econômico era um anátema.  Ele simplesmente se recusou a coletá-las.  Quando Milton Friedman lhe questionou, em 1963, a respeito da "escassez de estatísticas", Cowperthwaite respondeu: "Se eu deixá-los coletar estatísticas, irão querer utilizá-las para planejar a economia".
Perguntado qual era a coisa mais premente que os países pobres deveriam fazer, Cowperthwaite respondeu: "Eles deveriam abolir seus institutos de estatísticas econômicas".  Ele acreditava que, se estatísticas fossem coletadas em Hong Kong, elas estimulariam o governo britânico a implantar políticas supostamente corretivas, o que inevitavelmente afetaria a capacidade da economia de mercado funcionar corretamente.  Isso gerou consternação no governo britânico.  Uma delegação de burocratas foi enviada a Hong Kong para descobrir por que as estatísticas não estavam sendo coletadas.  Cowperthwaite literalmente mandou-os de volta a Londres no primeiro avião.
O desprezo de Cowperthwaite pela teoria econômica em voga (keynesianismo) e sua abordagem não-intervencionista eram garantia de conflitos diários tanto com o governo britânico quanto com empresários.  Os britânicos haviam elevado a alíquota do imposto de renda em Cingapura; quando ordenaram a Hong Kong que fizesse o mesmo, Cowperthwaite recusou.  Ele era contrário a dar subsídios e a conceder benefícios especiais para empresas.  Quando um grupo de empresários pediu a ele que providenciasse fundos para a construção de um túnel através da enseada de Hong Kong, ele respondeu dizendo que, se o túnel fosse economicamente sensato, o setor privado iria construí-lo.  O túnel foi construído privadamente.
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O legado de Cowperthwaite
Não obstante sua postura contrária, há estatísticas sobre a Hong Kong daquela época.  Durante sua década como secretário das finanças, os salários reais subiram 50%, e a fatia da população vivenda na pobreza extrema caiu de 50 para 15%.  O mais impressionante é que Hong Kong fez tudo isso sem contar com nenhum outro recurso que não fosse sua população.  A colônia não possuía nenhuma terra agrícola e nenhum recurso natural.  E até mesmo o único recurso que ela possuía — as pessoas — não era exatamente muito culto.  Com efeito, a maior parte da massa de refugiados que chegou a Hong Kong na década de 1950 seria vista apenas como um fardo para o estado.
Também digno de menção é todo o contexto mundial vigente à época.  A transformação de Hong Kong ocorreu exatamente quando os social-democratas controlavam a Europa e quando o democrata Lyndon Johnson e seu programa da Grande Sociedade dominava a política americana, o que refletia o consenso entre as elites políticas da Europa e dos EUA de que assistencialismo e políticas econômicas intervencionistas eram a única direção sensata para as sociedades avançadas.  Mesmo nos países em desenvolvimento, políticas econômicas intervencionistas, como a industrialização por meio da substituição de importações — que se baseava na imposição de altas tarifas de importação para proteger as indústrias domésticas — eram a norma.
A pequena Hong Kong, portanto, conseguiu adotar e manter políticas de livre mercado e de livre comércio que iam totalmente contra as políticas dos governos britânico, europeus e americanos, e contra o consenso de economistas desenvolvimentistas em todo o mundo.  E fez tudo isso enquanto ainda era pobre e estava perigosamente ao lado de uma poderosa e imperialista ditadura comunista.
É difícil argumentar contra o sucesso.  Após a aposentadoria de Cowperthwaite, em 1971, sucessores menos adeptos aos seus princípios se mostraram mais propensos a aumentar os gastos assistencialistas, mas todos os aumentos foram financiados por meio da venda de terras, e não de aumento de impostos.  As alíquotas tributárias estão hoje exatamente no mesmo valor em que Sir John James Cowperthwaite as deixou.
O avanço
As políticas de livre comércio, de não-intervenção do estado na economia, de orçamentos governamentais rigidamente equilibrados, de imposto de renda de pessoa física com alíquota única (15%), de mercado de trabalho bastante flexível, de livre fluxo de capitais, de não-restrição a investimentos estrangeiros (estrangeiros podem investir livremente em empresas locais e também deterem 100% do capital) se mantiveram inalteradas após a saída de Cowperthwaite.
Esta política econômica, a qual promoveu a concorrência e o espírito empreendedorial, criou as condições para o acelerado crescimento econômico vivenciado por Hong Kong nas décadas seguintes.  Entre 1961 e 2012, o PIB real per capita de Hong Kong foi multiplicado por um fator 9.  Hoje, o PIB per capita de Hong Kong, em termos de paridade do poder de compra, é o 7º maior do mundo
Ou seja, em apenas algumas décadas, Hong Kong, sem recursos naturais, sofrendo dos mesmos problemas enfrentados por todos os outros países em desenvolvimento, e cuja renda média per capita era de apenas 28% da dos residentes do Reino Unido, deixou de ser uma favela a céu aberto e se tornou uma das economias mais ricas do mundo, superando em muito a renda média per capita de sua metrópole.
De economia industrial a uma economia de serviços
O primeiro estágio do desenvolvimento de Hong Kong baseou-se na indústria manufatureira.  No entanto, as reformas econômicas feitas na China e a política de abertura ao investimento estrangeiro adotada por Deng Xiaoping a partir de 1978 alteraram profundamente a natureza da economia de Hong Kong nas décadas seguintes.
O setor manufatureiro começou a declinar e a perder peso na economia no final de década de 1970 em decorrência de aumentos nos preços da terra — uma inevitabilidade para um local tão pequeno e povoado — e nos salários.  No entanto, a crescente integração econômica entre Hong Kong e China permitiu à ilha realocar sua produção para as zonas econômicas especiais na província adjacente de Guangdong, na China.
Estas zonas, que foram criadas no início de 1980, ofereceram aos investidores de Hong Kong a oportunidade de aumentar sua competitividade ao recorrerem a uma mão-de-obra barata e abundante (chinesa) ao mesmo tempo em que ainda usufruíam as mesmas condições não-intervencionistas do governo chinês quanto recebiam em Hong Kong.  De 1978 a 1997, o comércio entre Hong Kong e China cresceu a uma taxa média anual de 28%.  Ao final de 1997, o investimento direto feito por Hong Kong representava 80% de todo o investimento estrangeiro direto em Guangdong.
Estes novos desenvolvimentos alteraram significativamente a economia de Hong Kong.  A participação da indústria na economia declinou de 31% em 1980 para 14% em 1997 e 8% em 2008; o setor de serviços, por outro lado, aumentou sua participação consideravelmente, de 68% em 1980 para 86% em 1997 e 92% em 2008.
Desde 1997, a economia de Hong Kong se tornou um pólo para serviços de alto valor agregado (finanças, administração, logística, consultoria empresarial, comércio etc.).  Atualmente ela atrai tanto empresas chinesas que querem entrar no mercado internacional quanto empresas de todo o mundo que querem ter acesso aos mercados da China e do resto da Ásia.
A manutenção das instituições de livre mercado
Já no início da década de 1980, a perspectiva de uma iminente devolução de Hong Kong à soberania chinesa produziu grande incerteza com relação à manutenção das instituições que tornaram o território uma região rica e próspera.  Esta preocupação, no entanto, foi rapidamente abrandada.
Na Declaração Conjunta Sino-Britânica, assinada no dia 9 de dezembro de 1984, foi estabelecido que Hong Kong deixaria de ser um território sob controle britânico no dia 1º de julho de 1997.  O princípio do "um país, dois sistemas" também foi acordado nesta data.  Com a exceção das relações exteriores e da defesa nacional, o acordo concedeu ampla autonomia ao território e permitiu a Hong Kong manter seu sistema capitalista e seu estilo de vida por um período de 50 anos, até 2047.
Hong Kong hoje é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China.  Ela preservou o grosso do seu sistema político, judicial, econômico e financeiro que caracterizou a colônia quando estava sob controle britânico.  O poder judiciário é independente do poder político e continua a operar sob o sistema do direito consuetudinário herdado dos britânicos.  Os direitos de propriedade são garantidos na Constituição da Região Administrativa Especial de Hong Kong.  Seus cidadãos desfrutam amplas e fundamentais liberdades individuais.
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Conclusão
Em 1960, a renda média per capita de Hong Kong era de apenas 28% da renda média per capita da Grã-Bretanha.  Atualmente, é de 140%.  Ou seja, de 1960 a 2012, a renda per capita de Hong Kong deixou de ser de aproximadamente um quarto da da Grã-Bretanha e passou a ser mais de um terço maior.  É fácil falar destes números.  Muito mais difícil é se dar conta de sua significância.
Compare a Grã-Bretanha — o berço da Revolução Industrial, a potência econômica do século XIX em cujo império o sol jamais se punha — a Hong Kong, uma mera restinga de terra, superpovoada, sem nenhum recurso natural, exceto uma enseada.  No entanto, em menos de quatro décadas, os residentes desta restinga de terra alcançaram um nível de renda um terço maior do que aquele desfrutado pelos residentes de sua metrópole.
O retorno de Hong Kong à China era inevitável, assim como era inevitável a determinação do governo chinês em preservar o capitalismo de Hong Kong.  O interesse da China em preservar sua galinha dos ovos de ouro era claro: a China sempre utilizou Hong Kong — a qual ela podia atacar e tomar à força a qualquer momento — como um meio de acesso aos mercados estrangeiros e também como fonte de capital.  Houve épocas em que 80% das receitas externas da China entrava através de Hong Kong.  A China também queria demonstrar a Taiwan que uma reunificação pacífica era possível.
O perigo sempre foi o de a liderança chinesa não entender a relação entre o hardware de Hong Kong (a economia capitalista) e o seu software (uma sociedade pluralista).  É o seu software que permite que seu hardware funcione tão bem.  Até o momento, os novos governantes de Hong Kong vêm se comprovando notavelmente aptos a dar continuidade ao funcionamento harmônico entre o hardware e o software.  A grande questão é se isso permanecerá assim no futuro.
Não foram apenas os britânicos que fizeram de Hong Kong um sucesso.  Foi principalmente a população de Hong Kong, de operários de fábricas a empreendedores, quem transformou uma ilha estéril em potência econômica.  Essas pessoas foram capazes de fazer isso porque o governo de Hong Kong, na maior parte do tempo, as deixou em paz.  Hong Kong está longe de ser perfeita, e longe de ser um paraíso libertário.  Mas permanece sendo um dramático exemplo de como a genialidade humana e o talento empreendedorial podem trazer prosperidade a uma sociedade originalmente pobre.
Por que Hong Kong sempre foi tão livre?  Em parte, Hong Kong teve a sorte de ser governada por homens que entendiam que sua função era bastante limitada.  Não era exatamente o ideal liberal-clássico, mesmo sob Cowperthwaite, mas ainda assim foi a sociedade que mais significativamente se aproximou deste ideal no século XX.  E a combinação entre a incapacidade do governo britânico em fornecer instituições democráticas e sua falta de interesse em Hong Kong permitiu àqueles homens manter suas políticas econômicas, mesmo enquanto sua própria Grã-Bretanha natal experimentava o desastre econômico do socialismo light dos anos 1950-70.  Hong Kong também se beneficiou do exemplo das desastrosas políticas econômicas da China na década de 1960.  Com tantos residentes chineses fugindo do comunismo e se refugiando em Hong Kong, a demanda por liberdade era alta. 
Hong Kong é um dos mais formidáveis e conclusivos exemplos de uma sociedade que teve grande êxito em fugir do subdesenvolvimento e enriquecer recorrendo à liberdade econômica.  Hong Kong teve sorte em ter tido essa liberdade.  E a sua população provou que a liberdade funciona.
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Participaram deste artigo:
Lawrence W. Reed, presidente da Foundation for Economic Education.
Andrew P. Morris, professor de Administração da Universidade do Alabama.
Jean-François Minardi, analista de políticas públicas do Montreal Economic Institute.
Alex Singleton, diretor geral do Globalisation Institute

sexta-feira, 10 de março de 2017

Frase

Se algo é um direito natural, então ele se aplica a todos os indivíduos simplesmente pela virtude de serem humanos. Se uma pessoa tem um determinado direito, então todos os outros seres humanos devem logicamente ter esse mesmo direito. Não pode haver conflito. Um indivíduo não pode, sem cair em contradição, alegar que possui um direito humano e, ao mesmo tempo, negar esse direito para terceiros. Fazer isso seria o equivalente a admitir que esse direito não é realmente um direito “humano”. Isso, sim, seria um privilégio.

Lawrence Reed

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Irresponsabilidade e demagogia do governante e o povo paga a conta

"Aneel aprova indenizações a elétricas e prevê impacto médio de 7,2% nas tarifas"


Esta é a manchete do site uol.com.br e se refere ao pagamento de indenização por antecipação de renovação de contrato no setor elétrico feito pelo governo Dilma.  Por pura demagogia, irresponsabilidade e ignorância fizeram a quebra dos contratos existentes e geraram um passivo de mais de 19 bilhões de reais, que com a correção monetária e juros devido ao atraso na quitação se transformaram hoje em mais de 54 bilhões. Quem pagará a conta pela burrice econômica como sempre serão os pagadores de impostos através de suas conta de energia elétrica.
Quantos não aplaudiram a medida pois a mesma reduziria os gastos com energia elétrica? A grande maioria o fez e poucos alertaram para a medida demagógica, que gerava insegurança jurídica além de um grande passivo. Estes mesmos que elogiaram serão os mesmos que pagaram a conta e que iram reclamar e culpar o governo atual que apenas esta pagando mais um esqueleto de 13 anos de desgoverno.
O PT não é o único que faz demagogia com o dinheiro público, na verdade são a grande maioria dos governantes em todos os níveis. Isto só acontece pelo tamanho do Estado no Brasil, do excesso de regras e leis (muitas que "não pegam") e pela busca de popularidade imediata relegando o futuro ao último lugar das prioridades.
JEPAlayon.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

CIO - O que esperar da Inteligência Artificial a partir de 2017?

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